A pecuária tem ganhado destaque com a busca de certificações e soluções para amenizar desafios logísticos e efeitos do clima da região.
A pesquisa expedicionária Confina Brasil iniciou sua quarta e última rota de visitas aos confinamentos de gado de corte do país ando por propriedades do estado do Maranhão.
De acordo com o último levantamento sobre o desempenho da pecuária no estado, divulgado pelo Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), o leite se destacou entre os produtos de origem animal, sendo responsável por 74,6% do valor de produção pelas mercadorias de origem animal.
O estado tem recebido investimentos e atenção das autoridades para o desenvolvimento também da pecuária de corte. Um dos objetivos da Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (Aged/MA) é conquistar o status sanitário de zona livre de febre aftosa com reconhecimento internacional conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal.

Esta conquista pode ajudar no impulsionamento do setor pecuário, valorizando o gado maranhense, que poderá ser ofertado ao mercado externo.
De acordo com a Aged, quando o Maranhão recebeu a classificação nacional de zona livre com vacinação, a produção pecuária cresceu. No período de 2012 a 2023 e considerando que o status de zona livre de aftosa com vacinação veio em 2014, houve crescimento do setor pecuário maranhense com a expansão de abatedouros, saindo de 0 estabelecimento em 2012 para 12 empreendimentos em 2023.
Pecuária de gado de corte em expansão no Maranhão
A pecuária maranhense de gado de corte tem mostrado crescimento, refletindo a evolução das práticas intensivas no estado. De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rebanho bovino maranhense atingiu aproximadamente 9,5 milhões de cabeças em 2022, representando um aumento de cerca de 7% em relação ao ano de 2012, quando o rebanho era estimado em 8,9 milhões.
Em 2023 a Aged contabilizou 10,4 milhões de cabeças de gado, um crescimento de 8,65% de um ano para outro.
Esse crescimento está atrelado ao avanço das técnicas de manejo intensivo, como a terminação intensiva a pasto (TIP) e o confinamento, que têm se tornado mais comuns entre os pecuaristas do estado.

Segundo dados preliminares da pesquisa Confina Brasil 2024, as propriedades visitadas no Maranhão apresentaram um incremento médio de 35% nas projeções de gado confinado para este ano, em comparação a 2023.
Além disso, a abertura do Confinamento Tanque, na região de Balsas, operado pelo grupo Agromantova, representa um avanço significativo para a pecuária intensiva no estado. Com um robusto investimento em infraestrutura, esse novo confinamento deve contribuir de forma expressiva para o aumento da porcentagem de gado terminado em confinamento no Maranhão, reforçando o potencial de crescimento do setor.
Desafios no Maranhão são contornados com inovação
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios significativos. O o a tecnologias e insumos de qualidade, a necessidade de melhor infraestrutura logística e as variações climáticas são obstáculos que podem limitar o crescimento da pecuária no estado.
Para confrontar esses pontos, pecuaristas maranhenses buscam inovar no dia a dia dos confinamentos.
É o caso, por exemplo, das Fazendas Saco e Rincão do Sol. Ambas têm estrutura recente e desde o início pensaram na instalação de canhões para aspersão d’água, o que proporciona maior conforto térmico e bem-estar ao gado. O conforto impacta diretamente no apetite e no processo de digestão dos bovinos, o que pode influenciar positivamente nos índices zootécnicos dos animais.

Os gestores das fazendas também apostaram em fábricas de ração próprias, produzindo a ração consumida na fazenda, diminuindo a dependência externa de serviços e logística.
No confinamento Santos Dummont, na divisa entre Maranhão e Tocantins, a gestão já visualizou o confinamento como uma alternativa para utilizar os resíduos da lavoura do Grupo Agromantova, do qual fazem parte.
O grupo é forte na agricultura da região, produzindo principalmente soja, milho e sorgo. Devido à alta disponibilidade de insumos, apostaram no confinamento de gado de corte também pensando em atender à demanda do frigorífico do grupo, que será inaugurado em breve nas imediações de Balsas.
Por fim, a Fazenda São João também ganha destaque ao apostar em um manejo sanitário cuidadoso e completo. Os esforços da equipe levaram a fazenda a alcançar neste ano uma taxa de mortalidade de 0,135, sendo considerada a mais baixa do país, reconhecida nacionalmente com prêmios. Este resultado se deve especialmente pela intensificação das rondas sanitárias e eficiência na gestão da saúde e bem-estar dos bovinos.
Tendência do uso de grão úmido no estado e fontes proteicas mais íveis

Uma prática que vem se disseminando entre os confinamentos maranhenses é a técnica de uso de grão úmido, refletindo uma tendência de buscar maior eficiência na alimentação do gado.
Essa solução, já destacada pela expedição em outros estados, mesmo que ainda incipiente na região, tem trazido resultados promissores em confinamentos como o da Fazenda São João, do grupo Fribal, localizada em Campestre, no Maranhão.

“A produção de grão úmido oferece significativas vantagens nutricionais e operacionais. O processo de fermentação prévia pode melhorar a digestibilidade do amido em até 15%, promovendo uma maior absorção de energia pelos animais. Isso resulta em melhores conversões alimentares, otimizando o desempenho do rebanho. Além disso, a colheita antecipada do milho não apenas possibilita liberar as áreas de plantio mais cedo, como também reduz as perdas por intempéries e degradação no campo, permitindo a implantação de uma segunda safra ou o uso estratégico da área para pastejo”, comenta a equipe da Scot Consultoria, empresa responsável pelo Confina Brasil.
Além disso, o armazenamento eficiente, realizado por meio de ensilagem em bolsas ou trincheiras, assegura a preservação da qualidade nutricional dos grãos. Esse método reduz a exposição a fatores ambientais que podem causar degradação ou contaminação, minimizando perdas e aumentando a durabilidade do insumo.
A qualidade da nutrição, portanto, depende não só da qualidade do insumo escolhido e do seu processamento, mas pode oscilar dependendo do processo de armazenamento e conservação. A utilização de equipamentos específicos para a compactação e extração de grãos, como aqueles fornecidos pela Marcher Brasil – parceira da expedição e presente nas visitas ao Maranhão –, garante uma vedação eficaz e facilita a operação, além de reduzir custos com mão de obra. A combinação dessas práticas pode otimizar o desempenho nutricional, contribuindo para melhor eficiência produtiva e retorno financeiro.

Embora muitos confinamentos na região ainda não tenham implementado essa tecnologia, o interesse está crescendo. Durante visitas, produtores locais, como os da Fazenda São Paulo, em Colinas, ficaram entusiasmados com os benefícios potenciais do grão úmido, especialmente em termos de manejo das janelas de chuva, o que poderia permitir uma segunda colheita em áreas onde isso anteriormente não era viável. Além disso, a propriedade já trabalha com o sistema de silos-bolsa, o que despertou ainda mais a atenção a esse tipo de alimentação.
O Grupo Agromontova, em Balsas, por exemplo, está adotando uma abordagem gradual, iniciando com o sorgo reidratado no confinamento Tanque. A estrutura moderna e bem planejada da propriedade, com trincheiras cimentadas, já está preparada para expandir o uso do grão reidratado, uma visão estratégica de longo prazo para aumentar a eficiência produtiva.
Em termos nutricionais, a região vai ganhar mais opções a partir de 2025. A inauguração de uma planta da Inpasa, indústria de etanol de milho, no Maranhão, prevista para o próximo ano, representa um avanço no fornecimento de DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis), um insumo rico em proteína e energia, já disseminado em confinamentos Brasil afora e que em breve chegará de forma mais ível ao estado maranhense.

Atualmente, os pecuaristas do estado relatam desafios logísticos e a falta de insumos íveis, o que limita as opções e encarece a alimentação do gado. As estratégias observadas pela expedição destacam alternativas adotadas pelos produtores locais para otimizar a produtividade, buscando soluções que minimizem os impactos financeiros e mantenham a eficiência mesmo diante dos desafios.
Em resumo, a pecuária de corte no Maranhão está ando por um período de expansão, impulsionada por inovações no manejo e a adoção de práticas que melhoram a eficiência produtiva.
Mesmo com desafios que envolvem clima e questões logísticas, com a crescente adesão a novas técnicas, apoio de lideranças, a conquista da certificação internacional de zona livre de aftosa e a chegada de investimentos, a tendência é que o estado se torne cada vez mais competitivo no mercado interno e externo.
Confina Brasil expande sua rota e visita fazenda no Piauí
Pela primeira vez, o Confina Brasil incluiu o estado do Piauí em sua rota de visitas, trazendo novas perspectivas para a pesquisa. A Fazenda África, localizada em Teresina, foi a escolhida para representar o estado nesta jornada.
O confinamento é um exemplo de como uma pequena propriedade pode adotar práticas de pecuária eficientes.
Com apenas três anos de operação, a fazenda se destaca por sua estrutura bem planejada e pela gestão eficiente da operação, o que pode ser visto tanto na adoção de sistemas de controle que monitoram cada detalhe da operação, garantindo que os processos ocorram de forma fluida, quanto no investimento na capacitação dos colaboradores através de cursos e materiais técnicos, realizados dentro da fazenda e também disponibilizados de forma online.

Os gestores vêm do ramo petroleiro e encaram a atividade como uma empresa a céu aberto, depositando grande importância em cima da gestão e capacitação dos funcionários, além disso, compartilham de suas experiências através de monitorias online sobre gestão rural.
O confinamento da propriedade possui uma capacidade estática para cerca de 200 animais e adota um modelo intensivo de produção, focando na qualidade do manejo e na eficiência dos processos. O curral de manejo antiestresse e os cochos de concreto com áreas sombreadas são alguns dos elementos que garantem o bem-estar dos animais e melhoram a produtividade do rebanho.
Outro diferencial da Fazenda África é a tecnologia aplicada na fabricação da dieta. Com uma estrutura de fábrica e alguns hectares de pasto irrigado, destinado à produção de capiaçu, a gestão assegura a produção contínua do volumoso e parte do concentrado dos bovinos.
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PATROCINADORES E PARCEIROS
Juntos pelo mesmo propósito
Para executar sua missão, o Confina Brasil possui o apoio de importantes empresas do agro. São patrocinadores “Ouro” em 2024:
– Casale
– Coimma
– Currais Itabira
– Grupo IFB
– Inpasa
– Nutron
Na cota Prata, contamos com a parceria:
– Marcher
– Padroniza
Nos levando de Norte a Sul, temos o apoio da nossa montadora oficial: Mitsubishi Motors.
Para análise dos dados coletados e desenvolvimento de estudos, contamos com o apoio de instituições de renome: Embrapa Pecuária Sudeste e Embrapa Agricultura Digital.
FONTE:
Oz Conteúdo
Fernanda Cicillini – [email protected]
Livia Borges – [email protected]