O agroinfluencer Rafael Stefani conta como começou a sua trajetória na cafeicultura.
Em 1979, sete anos antes do meu nascimento, meu pai Hélio Ribeiro e meus tios Célio e Edmo Inácio arrendaram uma pequena quadra de terra em Ribeirão Corrente (SP) e plantaram 6 mil pés de café. Foi ali que a história da nossa família com a cafeicultura começou. Antes, eles já haviam ado por muitos desafios, trabalharam como funcionários em outras propriedades fazendo todo tipo de serviço braçal, colheita de algodão, capina, roçada de pasto, meeiros e foram até boias-frias para conseguir por comida na mesa.
O começo realmente não foi nada fácil, assim como não é para ninguém que decide empreender e se aventurar em um novo negócio. Na época, sem tratores e implementos, todo serviço tinha que ser feito de forma braçal ou então, usando tração animal para fazer algum tipo de trabalho na lavoura. Como ainda não tinha renda no café, precisavam continuar trabalhando para outras pessoas para ganhar dinheiro para se manterem e o pouco que sobrava, investia na lavoura.
Como toda história de superação, a do meu pai e dos meus tios também teve seus momentos desanimadores. O primeiro plantio de 6 mil pés foi feito em 1979 e dois anos depois veio a geada e matou toda a lavoura. Porém, eles não desanimaram e plantaram novamente, continuando firmes na esperança de dias melhores.
E assim aos poucos, com muito sofrimento, muito trabalho e determinação, trabalhando muitas vezes de domingo a domingo, eles conseguiram colher seus primeiros frutos do café. Acertaram um bom momento de preço, conseguiram arrendar mais uma área, plantaram mais uma lavoura e compraram um trator usado e implemento agrícola para auxiliar na lida da lavoura.
No meio dessa fase eu nasci e depois de dois anos nasce também meu irmão Gustavo. Desde cedo, meu pai começou a nos levar para ajudar na lavoura. Como eles não tinham condições de manter funcionários, qualquer tipo de ajuda era bem-vinda, inclusive a nossa. Então, desde muito pequenos, meu irmão e eu já íamos para a roça ajudar de alguma forma. Fomos crescendo no meio do café e quanto mais o tempo ava, mais conseguíamos ajudar a família na lida do café.
Sempre gosto de ressaltar dois pontos dessa história. O primeiro foi que trabalhar na lavoura desde de muito novo, me fez ver e entender o valor do trabalho e do dinheiro. O quanto é sofrido para ganhar e o quanto devemos valorizar e dar valor a cada conquista.
O segundo ponto foi que ir para roça desde pequeno, muitas vezes me fez acreditar que era um serviço ruim e que eu não queria aquilo para minha vida. Deixava de ir jogar bola com os amigos, porque tinha que ir para roça ajudar meu pai e meus tios. Esse cenário, me levou a querer estudar, buscando uma formação acadêmica onde eu teria um trabalho na cidade, sem precisar ficar debaixo do sol quente. Foi aí que decidi fazer istração de empresas, visando um dia ser bancário.
Uma conquista importante para a família foi a compra do primeiro sítio em 1997, três alqueires de terra. Ali, os irmãos plantariam pela primeira vez o café na sua própria terra. Lembro o quanto isso foi sonhado e essa conquista foi muito celebrada por todos nós.
Aos poucos, fomos arrendando mais áreas e com o ar dos anos compramos mais algum pedaço de terra, seguindo sempre com muita luta, muito trabalho e claro, com muito pé no chão!
Em 2004, entrei na faculdade de istração. Me formei em 2008 e fui trabalhar em um banco. Lá tive a certeza de que era feliz e não sabia. Que a roça e a lavoura de café era o meu lugar. Voltei para roça com uma visão totalmente diferente do que é uma propriedade de café, de como trabalhar e tendo a certeza de que minha grande vocação profissional era produzir café.
Durante todo esse processo, conseguimos conquistar grandes objetivos. Temos algumas propriedades próprias e outras áreas arrendadas onde plantamos café e seguimos trabalhando, sempre com muita dedicação, honestidade e firmeza.
Claro que hoje, se tornou tudo mais fácil. Conseguimos ao longo dos anos ir adquirindo as máquinas necessárias para o trabalho, o que facilitou e muito nosso dia a dia na lavoura. Quando olho para o ado e lembro o quanto foi difícil lá no começo, principalmente para meu pai e tios, vejo o quão gratificante está sendo chegar até aqui e poder contar essa história.
De certa forma, sinto que a nossa história pode servir de motivação e inspiração para quem está começando e a por momentos difíceis, de muita dúvida e questionamentos. Sim, vale a pena continuar. Espero que as conquistas do meu pai e dos meus tios sirva de exemplo e que ajude de alguma forma a você não desistir de seus sonhos!”
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